CARTOGRAFIAS DO ENSINO (2025)
- Rosiane Xypas

- 7 de set.
- 2 min de leitura
As vozes originárias que ecoam da floresta para a sala de aula: As textualidades indígenas nos livros didáticos de língua portuguesa do ensino fundamental 2024-2028
Miguel d’Amorim
Rosiane Xypas
Introdução
As vozes originárias nomearam de Pindorama “Terra das Palmeiras” este território ancestral. No entanto, em 1500 essa terra foi tomada pelos portugueses que escravizaram os corpos encontrados, apagaram muitas vozes, silenciaram outras e impuseram a sua: uma voz falada e escrita em língua portuguesa. Esta voz colonial é a que nos ensinaram, e aprendemos a usá-la oficialmente neste lugar, agora chamado Brasil. Apesar do doloroso processo colonial, corpos e terras resistiram ao apagamento e ao silenciamento e estão vivas, presentes e atuantes, 525 anos depois. Reconhecem-se, atualmente, segundo o censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 1.693.535 pessoas indígenas que formam 305 povos com culturas e histórias próprias, falando 274 línguas!
Não obstante essa quantidade de línguas existentes no Brasil, muitos povos são obrigados a aprender a língua portuguesa para poder interagir com a maioria da população do país. Nesse contexto, as vozes originárias, publicam textos seguindo o padrão da escrita ocidental. Segundo Kaká Werá (2023), no tocante ao campo literário, temos 105 escritores indígenas por todo Brasil que já publicaram em 120 editoras, somando um total de 365 livros com ISBN. Desse modo, essas vozes originárias estão contando as suas histórias em língua portuguesa, ressoando as suas cosmovisões através das ondas sonoras de rádios, áudios e podcasts; estão mostrando o seu olhar pelas câmeras foto- gráficas e televisivas do YouTube, Instagram, TikTok, Kawai e Face- book dentre outros; também estão publicando suas palavras em livros literários, filosóficos e científicos. Todos esses espaços etnomidiáticos estão presentes na rede tecida pelas mãos da internet que interconecta as linhas das vidas de pessoas que vivem do outro lado do rio, da rua ou do mundo e nos entrelaça em um tecido social com cores, dores, sabores e odores diferentes, mas juntos na mesma rede.
Porém, há espaços onde o balançar dessa rede ainda não chegou. E um desses espaços é a Escola, pois vemos na maioria delas, o formato bancário chamado de “fila indiana” que diz muito sobre um ensino focado no objeto, não na natureza. E neste caso, o objeto é o futuro.
Assim, foca-se no Futuro, no abstrato, e deixa-se de lado a presença do presente do Outro. Nesse processo, infelizmente, continuamos a caminhada ignorando as sabedorias ancestrais e sendo pisados pela nossa ignorância. Mas, quem diz escola, diz Leis e diretrizes educacionais.
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